Sábado,
7 de outubro; 17:30h
Casa
do ex-detetive James Grant
James sentia que falhara. Em todos os anos em que havia trabalhado como detetive, nunca vira um caso assim. Em menos de uma semana, já houve seis vítimas e ele mal fazia ideia por onde começar, não conseguia entender como todas elas se interligavam. Exceto por todas terem sido encontradas em cenas macabras ou bizarras, as vítimas não aparentavam ter ligação alguma, não se conheciam, frequentavam os mesmos lugares ou tinham amigos em comum, além disso, não parecia haver um tipo específico de alvo. Homens, mulheres, jovens, adultos... já havia feito de todos eles suas vítimas.
Sentado em sua poltrona, enquanto bebericava uma xícara de chá, James concentrava-se nas informações nos relatórios dos casos até então. Enquanto era verdade que as vítimas não possuíam ligação alguma uma com a outra, as circunstâncias semelhantes em que eram encontradas o perturbava. Todas as vítimas haviam sido encontradas em estado lastimável: seus rostos com profundos cortes, sem os globos oculares e boca escancarada com todos os dentes arrancados. Sob os corpos, seu próprio sangue formava uma imagem no chão.
Enquanto bebia o último gole de sua xícara de chá, o ex-detetive tentava recordar as particularidades de cada caso, a fim de encontrar alguma outra pista que possa ter passado despercebida durante a investigação. Coçando seus encaracolados e rebeldes cabelos pretos como azeviche com uma das mãos, ele mais uma vez olhou atentamente para cada um dos relatórios, examinando-os como se esperasse que a resposta resolvesse sair das páginas por conta própria, sentindo-se intimidada pelo olhar penetrante e ansioso de seus olhos castanhos. Tantas vítimas em tão pouco tempo... todas com cartas da pessoa por trás de todo esse espetáculo de horrores que ficava cada vez maior, como se estivesse zombando de sua demora para desvendar os casos. Quanto mais James pensava sobre as cartas, mais confuso ficava. Qual era seu significado? Por que deixar as cartas na cena do crime? Quem estava por trás de tudo isso queria ser pego? Mas se fosse o caso, por que não havia se entregado ainda? E o que ele não conseguia tirar da cabeça, quem essa pessoa pretendia que lesse as cartas?
Decidindo começar pelo relatório do caso que ocorrera na manhã deste mesmo dia, ele recriou os fatos em sua mente, esforçando-se para lembrar cada detalhe do que aconteceu, por menor que tenha sido. Não podia se dar ao luxo de, mais uma vez, não conseguir chegar à resposta. Se não conseguisse descobrir uma pista para seguir neste caso seria o seu fim, sua carreira estava por um triz após o fiasco das investigações desta série de assassinatos. Ele já fora expulso das investigações e agora continuava tentando encontrar o culpado tanto para recuperar sua honra e sua posição como detetive quanto para fazer justiça às vítimas, que parecia estar cada vez mais longe de seu alcance.
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