terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Himitsu ~Kuro no Chikai~ [Capítulo 2, Parte 2 - A mudança]


O rugido das chamas farfalhantes. A escuridão da noite sombria repentinamente foi tingida de vermelho nas grandes e alastrantes chamas, e os arredores ecoaram com gritos e berros ensurdecedores. Empregadas, mordomos e servos vieram correndo por suas vidas para fora da mansão majestosa.
— Minha dama...
O mordomo mais velho que estava na frente rasgou a bainha de sua casaca queimada e a enrolou no arranhão exposto no joelho dela. Não estava sangrando muito.
Desde mais cedo, ela não conseguia se mover; era como se seu corpo tivesse virado pedra. Mesmo que ela tentasse se mover, ela não conseguia. Isso era porque —
— Madame Miku, você não deve...
Ambos os seus braços estavam sendo puxados para baixo por seu servo que a segurava por trás. Uma jovem criança não tinha nem mesmo a esperança de resistir contra a força de um adulto. Que fraco e lamentável. Ela podia apenas se estender enquanto seus amados foram deixados para trás para queimar nas chamas crepitantes.
— Pai... Mãe...
Suas lágrimas não vinham. Ou melhor, elas já se secaram há muito tempo.
Ela já estava cansada de chorar por causa “desse momento” que se repetia inúmeras vezes.
— O mesmo sonho de novo...
Em resposta a ser acordada pela cena de antes, sua consciência estava tão gélida quanto gelo. O sonho que ela tinha visto diversas vezes desde mais nova — desde que ela consegue se lembrar, até mesmo enquanto envelhecia, a memória traumatizante do dia em que ela perdeu seus pais estava cravada em seu coração.
Ela pegou o copo d’água que estava ao lado de sua mesa de cabeceira e o bebeu em um só gole. Sua garganta seca se encontrou com o líquido sem sabor ou odor. Enquanto lentamente recobrava sua respiração, ela viu que não havia nem mesmo amanhecido. Ainda era muito cedo para ser chamado de manhã. Ela ponderou por um tempo se voltava ou não a dormir. Mas cada vez que ela tinha esse sonho, não importa o quanto ela tentasse, ela não conseguia voltar a dormir.
A prestigiada família de Alphine, os Cryinpts. Sua linhagem datava desde antes da fundação de Alphine, há mais de quatrocentos anos; uma família com muita história, conhecida por toda a Alphine, assim como em países vizinhos. Isso se devia ao fato que na época das três famílias bem conhecidas na fundação de Alphine, junto com os que lutaram na longa guerra em Velcant, cada sucessiva teve seu nome gravado na história. Embora a atual chefe da família — a mãe de Miku, foi a primeira chefe desta família, sua personalidade e calibre como mestra não era inferior em nenhum aspecto. E enquanto ela era a “mãe” de Miku, em termos de parentesco, ela na verdade era sua tia não relacionada de sangue. Ambos os pais biológicos de Miku morreram em um incêndio quando ela tinha apenas três anos.
Ela já viveu com seus pais e diversos servos em uma mansão que ficava há cerca de dez quilômetros de distância da mansão Cryinpt, onde ela atualmente morava. Não era uma mansão muito grande; era mais próximo de um ambiente humilde do que de um nobre. O dia em que o incêndio aconteceu, o jovem chefe da mansão Cryinpt, seu tio, havia ido visitá-los. Quando o incêndio começou, Miku foi salva sendo levada para fora pelo mordomo que a ajudava a se aprontar para dormir. Quanto aos seus pais e tio, mesmo quando o incêndio acabou e a mansão ficou em ruínas, seus corpos nunca foram encontrados.
A destruição causada pelo fogo foi intensa, e devido a tudo ter sido queimado durante a noite e virado cinzas, nem mesmo seus restos sobraram. Com a morte de sua mãe e o irmão mais novo dela, o seu tio, houve uma crise momentânea sobre a linhagem legítima dos Cryinpt morrer também. Mas ainda havia esperança da sobrevivência com a esposa do chefe anterior. A sobrinha, Miku, foi adotada por ela para continuar a linhagem dos Cryinpt, e ela se tornaria a chefe da família.
Sua mãe amava o tio de Miku — agora seu falecido marido — do fundo do seu coração. Para cumprir seu desejo e proteger a prosperidade da família que continuava por gerações, ela parou de dormir para aprender a se socializar, sobre negócios, e até mesmo sobre relações diplomáticas. No caso de Miku, ela recebeu uma educação especial para se tornar a nova chefe e lidava com sua mãe rígida. Miku estudava ao máximo para cumprir as expectativas de sua madrasta. Para não ser uma vergonha, e para se tornar uma dama nobre, ela fazia esforços exaustivos nos estudos de todas as áreas, incluindo na área acadêmica, artes marciais, artes visuais, discursos públicos e gestão.
Tudo era pelo bem de cumprir as expectativas de sua mãe, que não era relacionada de sangue a ela, e também pelo simples desejo de querer ser amada por ela.
Contudo, o desejo da jovem de ser amada nunca foi realizado. Desde o momento em que ela ouviu sobre a morte de seu amado marido, quem ela amava tanto, seu coração se partiu. Até mesmo o dever de adotar a querida filha de sua cunhada e o marido dela não foram por empatia por sua pobre sobrinha que acabara de perder os pais, mas porque estava escrito no testamento de seu falecido marido; ela não tinha amor algum por Miku. Elas simplesmente tinham um relacionamento onde Miku, como uma ferramenta para continuar o nome da família, estava sujeitada a lições diárias por ela. Miku não queria aceitar que não era amada por sua própria mãe. Ela não aceitava. Se aceitasse, ela perderia seu motivo para viver; tais sentimentos constantemente ocupavam seu coração.
Um dia, certamente. Com seus próprios esforços, ela poderia cumprir suas expectativas —
Com esses pensamentos em mente, ela se virou para olhar para a janela. O sol nascente lentamente iluminava o céu anteriormente escuro. Por estar tão perdida em seus pensamentos em coisas tão deprimentes, amanheceu rapidamente sem que ela notasse.
Ela levemente se levantou de sua cama, e checou os planos do dia enquanto se arrumava. Se ela não estivesse errada, hoje ela iria com sua mãe para a Região de Tard para visitar uma família prestigiada por lá. Elas teriam que partir logo assim que terminassem o café da manhã. Enquanto ela caminhava pelos corredores rumo ao térreo, seu ritmo desacelerou, e ficou um pouco pesado.
— Eu continuarei conversando com o Visconde Iceburg por mais um tempo, então retorne à vila primeiro.
Com as palavras de sua mãe, ela começou sua jornada à vila Iceburg sozinha. Por cerca de dois ou três anos, o atual chefe da família dos Iceburg e seu filho, e a atual chefe da família dos Cryinpt, sua mãe, e ela mesma, continuavam a se encontrar para simples lanches, e as duas famílias aos poucos aprofundavam seus laços políticos e econômicos entre países.
Miku veio até aqui com sua mãe há alguns dias em uma viagem de verão para a região próxima a Velcant, a região Tard. A grande região continental, do outro lado do oceano Minole ao leste de Folle, consistia em vários países pequenos. Se alguém continuasse seguindo mais além ao leste, chegariam a uma terra incivilizada. Enquanto Velcant poderia ser chamado como o centro do mundo devido ao seu sucesso e prosperidade na economia e na cultura, as pessoas de Tard consistiam majoritariamente de fazendeiros e camponeses, e talvez por causa da natureza de sua localidade, havia pouquíssimas disputas territoriais entre aqueles com poder. Embora faltasse a cultura conveniente e estupenda que Velcant tinha, era um país relaxante com pouca distinção de classe social. Nos anos recentes, não era incomum que nobres de Velcant visitassem para expandir seu poder. Desde a era da geração anterior dos Cryinpt, eles têm uma vila nesta região, e ficam durante o verão. Levava apenas metade de um dia de navio de Folle, fazendo que seja uma distância bem curta de Alphine.
O Visconde de Folle, da família Iceburg, originalmente eram mercadores que vieram da região de Tard. Atualmente, eles construíram bases tanto no Reino de Folle quanto em Tard. Desde a época de seus ancestrais, eles cruzaram o oceano como mercadores de troca entre os pequenos países de Tard e o Reino de Folle. Quando a trégua que aconteceu cem anos antes, durante a longa guerra na Região de Velcant, diversas famílias nobres surgiram entre os mercadores. Os Iceburgs também eram uma dessas famílias de mercadores que entraram para o ranking dos nobres, uma das famosas “nobres de mercadores ricos”. Com a enorme fortuna que conseguiram ao levar os abundantes recursos de Tard para Folle, eles entraram para a briga por poder em Velcant como uma influência emergente.
Comparada à prestigiada família Cryinpt, que existia desde a fundação de Alphine, seu “status” como nobres eram diferentes. Mas em uma época em que era difícil sobreviver apenas com seu prestígio, o motivo pelo qual os Cryinpt fizeram conexões com aqueles que são ricos era para proteger a longevidade do nome de sua família. Uma família com história, e uma família com riqueza. Ambos lados aprofundavam seus laços entre si porque o outro tinha algo que eles desejavam, mas não tinham. Todos pensavam nisso como uma amizade confortável entre os maiores de cada país.
O céu estava cinza e nublado, e parecia estar prestes a chover até mesmo agora. A distância entre a vila Iceburg e a vila Cryinpt era de cerca de uma hora a pé.
Vendo Miku prosseguir sem uma carruagem, o filho da família Iceburg correu até ela, mal conseguindo respirar. Quando ele se ofereceu para levá-la para casa de carruagem, ela educadamente rejeitou. Ela se sentia mal por fazer isso, mas ela sentia vontade de caminhar hoje. Ela disse a ele que queria caminhar pelas cidades pobres de Tard no caminho de volta, e ele se despediu com uma expressão incomodada.
Com apenas sua bolsa de mão e o guarda-chuva preto que lhe fora dado pela possibilidade de chuva, ela caminhou pela bela cidade marítima. Se ela seguisse a estrada que continuava ao longo da costa, logo ela chegaria à vila, mas por algum motivo, ela sentiu vontade de dar uma volta hoje. A brisa do mar no verão estava soprando implacavelmente. Embora Alphine seja cercada por lagos e parecesse um oceano do litoral, era completamente diferente comparado a estar diante da coisa real. Como esperado, o aroma salgado carregado pela brisa não era familiar, e embora ela não visite com frequência, ela começou a sentir nostalgia. Talvez um de seus ancestrais tenha vivido próximo ao oceano antes.
Dessa forma, enquanto observava o oceano que parecia se esticar sem fim, ela pensou. Eu quero ir para o que quer que esteja do outro lado. Para o fim da Terra, onde ninguém jamais havia ido antes. Não como herdeira da minha família, ou como um brinquedo da minha mãe, mas apenas como eu mesma. Sem ser presa por nada, nem pelo bem de ninguém, apenas vivendo para mim mesma. Se houvesse algum meio que eu pudesse fazer algo assim...
Como estou agora, não posso cruzar esse oceano sozinha. Se ao menos eu tivesse asas. Se eu tivesse asas como a Rin, para poder voar até o fim deste oceano...
— Miku!
Era a voz da Rin.
De alguma forma, ela se perdeu em seus pensamentos, e rapidamente recobrou os sentidos, confusa.
— Eeeei! Mikuuuu!
Não, ela não estava se sentindo bem recentemente por causa do calor, então talvez ela esteja ouvindo coisas agora. Ela teve que correr para casa, sem demorar muito.
Assim que ela se virou para voltar do oceano que ela estava admirando, sua visão de repente foi envolta em branco puro. Asas elegantes e agitadas refletiam a luz da superfície da água e tinham um brilho notável. Era muito brilhante. Quando as nuvens sumiram para estar tão brilhante assim?
— Rin?
— Você está sozinha, senhorita? O que está fazendo em um lugar como esse?
O sorriso do anjo diante dela era tão brilhante que parecia ter um brilho próprio.
— Hehe... O tempo estava tão bom que eu resolvi dar um passeio.
— Ah, que coincidência! Eu também!
— Ah, é mesmo?
— Ei, vamos sair em um encontro.
Parecia que ela estava fazendo uma imitação da vez em que o homem começou a flertar com ela quando ela estava caminhando no outro dia.
— Parece ótimo. Ah, tudo bem! Você está vendo aqueles barcos ali? Eu queria andar em um, mas não conseguia sozinha. Você quer ir comigo, Rin?
Com sua sugestão, o inocente anjo seguiu Miku enquanto tinha uma expressão curiosa em seu rosto.
A superfície da água estava calma e quieta, sem nem mesmo um breve vento soprando. No barco alugado das docas estavam duas pessoas, uma garota humana e —
— Ahhhhhh, está balançandoooooo!
— Rin! Quanto mais você se mover, mais vai balançar!
— M-m-mas....
— Ah!
— Ahhhhh! Nós vamos cair, socooooorro!
No oceano calmo, havia apenas um barco balançando como se estivesse encarando uma tempestade violenta. Os casais nos barcos ao redor, que estavam facilmente quietos no prazeroso oceano do verão, estavam encarando em sua direção com certa preocupação.
— Parece que... anjos... são ruins... com veículos em movimento.
Talvez por causa do balançar das ondas tê-la assustado, Rin era a única que estava com tanto pânico desde entrar no barco, e como resultado, ela parecia estar mareada. Com o rosto pálido, ela encarou desconfortavelmente a superfície da água.
— Pff...
Não, ela não pode rir. Até mesmo esse anjo, que tinha a imagem de voar livremente pelo céu e parecia conseguir enfrentar qualquer obstáculo, estava mareada de estar em um barco em um oceano sem ondas, e agora encarava a água com olhos desfocados e reprovadores. Mas ela não conseguia mais se segurar.
— Hahahaha!
Incapaz de resistir ao impulso, ela riu em voz alta. Ouvindo isso, o anjo diante dela reclamou com uma expressão pálida.
— Isso é... muito maldoso! Não ria!
— Desculpe... mas é muito engraçado. Hehehehe, hahaha!
A risada não dava sinais de estar prestes a parar. Rin sempre conseguia fazer tudo o que pudesse, mesmo se fosse algo que um anjo não faria. A impressão que dizem que um anjo daria é decida por fantasias dos humanos, mas com Rin era diferente.
— Hmm, isso não foi legal.
— Mas não está tudo bem, já que você é tão fofa, senhora Anjo Mareada?
— Não é como se eu estivesse... feliz nem nada.
Até mesmo sua resposta forçada tinha pouca energia.
— Mas você estava tão incrível da última vez!
O anjo era fofo quando baixava a guarda, e Miku não conseguia evitar provocá-la um pouco.
A “última vez” se referia ao Mercado Lustroso que aconteceu no outro dia. Ela carregou todas as bolsas sozinha, aceitou o desafio de tiro à longa distância em uma tenda que encontraram por acaso, e ganhou o prêmio que ninguém mais conseguiu vencer. Nesse dia, Rin fez um papel como o de um herói.
— Falando nisso... Você já atirou antes, Rin?
Uma pergunta simples. Após ter perguntado à sua empregada sobre isso, ela descobriu que em uma distância daquelas, era necessário certa habilidade, e exceto por Rin, parecia haver apenas outro vencedor.
— Hã? Uma arma...? Sim, eu tenho...
Com o pânico e o balanço do barco desaparecendo, parte da cor voltou ao rosto de Rin. Mas quando ela respondeu, ainda parecia um pouco vagarosa.
— M-mesmo?! Isso foi bem inesperado. É uma surpresa para mim.
— Inesperado? Na verdade, eu tenho minha arma comigo agora. Veja.
Disse Rin, e pegou uma arma de uma cor branca pura para mostrar a ela. Parecia diferente das que Miku já havia visto; completamente branca sem uma sombra de opacidade.
— Uau! É a primeira vez que vejo uma arma branca. Então há armas até mesmo no mundo dos anjos...
— Hã? Você diz coisas estranhas, Miku. Não há nada no mundo humano que não exista no Paraíso.
O anjo sorriu sinceramente. Nada no mundo humano que não existisse no Paraíso. Ou seja...
— Hmm, bem, eu não sei como os humanos pensam que o Paraíso funciona, mas a maior parte das coisas do mundo humano são tiradas do Paraíso, de um jeito ou de outro. Se me lembro bem, cerca de quinhentos anos atrás, uma arma acidentalmente foi perdida por um anjo durante uma missão, e o humano que a pegou, espalhou pelo mundo... ou melhor, acho que apenas acabou surgindo no mundo humano... Então os humanos nem mesmo sabiam sobre isso, é...?
— Exatamente. Há tanto que nós, humanos, não sabemos...
Por não saberem, eles queriam saber. É o que significa ser humano. Provavelmente.
— Mas são apenas coisas “baseadas” no original. Por exemplo, este barco. No Paraíso, há uma forma de embarcação em que os barcos foram baseados, mas ele não flutua na água. Ao invés disso, ele flutua no céu. Dessa forma, quando nos cansamos, podemos viajar sem usar nossas asas. É feita de folhas, então é leve e compacta, e também é fácil de ser transportada.
— É mesmo?! Então, você também se sente enjoada nessas embarcações, Rin?
Quando ela perguntou isso, Rin riu um pouco, e respondeu com um pouco de timidez.
— Hm, sobre isso, eu estou mais acostumada com ondas de vento! Quando eu me acostumar com as ondas do oceano, não vou mais de assustar.
— Hehe. Então, vamos fazer isso de novo outra hora?
Seus lábios vermelhos se curvaram um pouco para trás.
— Me diga, há mais alguma coisa? Que os anjos deram aos humanos.
— Hmm... Pode se dizer que grande parte das coisas no mundo humano são... é apenas que o estilo de vida entre os anjos e os humanos são... ou melhor, a ecologia é bem diferente, então não consigo dizer nada...
— Ah, agora que penso isso, quando você viveu em minha casa, você se surpreendia até mesmo com coisas simples. Quando eu ia dormir, você choramingava o tempo todo, dizendo “você já vai dormir—?”
— “Simples”?! É porque comer e dormir não são nada mais que preferências entre os anjos, nós não morremos se não fizermos um dos dois. Nós não precisamos dormir certo tempo durante a noite como você. Bem, é bom dormir sob a luz do sol, então eu faço isso. De qualquer forma, era entediante quando você dormia, Miku. A Lily sempre ficava acordada até o meio da noite, mas sempre que eu falava com ela, ela queria me usar como uma boneca de vestir.
— Hehe, desculpe por isso. Parece tão conveniente que você não precisa comer ou dormir. Isso significa que anjos não morrem?
Ao perguntar isso, ela se lembrou do dia em que conheceu Rin. Ela havia ferido sua asa e parecia bem fraca. Isso significa que anjos podem morrer por ferimentos, assim como os humanos?
— Os humanos não morrem por alcançar uma idade avançada. Nossa aparência muda com o tempo, como a dos humanos quando envelhecem, mas conseguimos preservar nossa aparência o quanto quisermos. Se eu não quiser parecer ser mais velha que agora, eu posso ficar assim para sempre. Ah, mas não podemos fazer o contrário. Por isso não podemos morrer por velhice. Nós morremos quando nosso poder sagrado se esgota. Na verdade, até mesmo os humanos têm poder sagrado. Miku, você pode me ver, não é? Isso significa que você tem muito poder sagrado. Embora seja raro, parece que humanos com um nível mais alto de poder sagrado que o comum podem sentir a presença de anjos.
— Poder... sagrado...
— Exato. Bem, mesmo assim, os humanos não conseguem manipulá-lo, então eles provavelmente não percebem. O poder sagrado é o poder de Deus. Tanto no Paraíso quanto nesta terra, há poder sagrado em todo lugar, mas há lugares em que ele é mais concentrado. No mundo humano, é a região de Velcant. E é especialmente forte aqui em Alphine. O motivo é porque costumava fazer parte do Paraíso. Ah, embora eu não possa falar os detalhes sobre isso... De qualquer forma, no centro da Ilha Rulen em Alphine, fica a Catedral Claude, certo? Onde nos encontramos pela primeira vez. É um lugar onde os anjos descansam suas asas quando vêm ao mundo humano. O poder sagrado é forte por lá, e a longa escada caracol que continua até a catedral é usada para todo o tipo de treinamento.
— Entendo...
Miku assentiu, entendendo. Talvez porque Rin sempre estivesse consciente de ser vista em uma forma respeitosa por Miku, ela lhe contou coisas sobre o “Paraíso”, que ela raramente falava.
— Agora são... as maçãs, eu acho.
— Maçãs?
— Sim! As maçãs são o fruto que Deus fez especialmente com poder sagrado. Por isso, tanto no Paraíso quanto no mundo humano, elas são tão deliciosas porque são mais sagradas que qualquer comida normal. Falando nisso, no Paraíso, eu sou uma perita em cultivar maçãs!
Conforme ela falava triunfantemente, parecia que esse anjo ficou animada quando começou a lecionar sobre maçãs. Ela parecia um pouco com Lily.
— Embora existam diversos tipos de plantas no Paraíso, todos os anjos amam maçãs. Não é como se nós fossemos morrer se não comêssemos, mas maçãs são a única coisa que todos adoram comer. E eu sei como cultivar vários tipos de maçãs para fazer as mais deliciosas. As maçãs que eu cultivo são muito saborosas. Muitos anjos viram fãs com uma pequena mordida.
Rin declarou com chamas de paixão dançando atrás de seus olhos lindos e azuis. Enquanto pensava, ela parecia com Lily quando falava sobre produções, mas não comentou nada para não arruinar o clima.
— Ah, sim!
Parecendo ter acabado de se lembrar de algo, Rin casualmente pegou algo do bolso de suas roupas. Era uma maçã vermelha, madura e suculenta.
— Eu vou lhe dar isto, Miku. Eu colhi com confiança esta manhã.
Parece que a maçã que Rin estava lhe oferecendo era a que ela cultivou no Paraíso.
— Está... tudo bem mesmo em dar a mim?
Ela tinha a sensação de que Rin disse algo antes sobre ser proibido anjos e humanos interagirem. Mas, tendo em mente como elas se encontram frequentemente assim, e ainda lhe contou sobre a estrutura das coisas no Paraíso, parece que Rin não se importou muito com essa regra.
— Hm...... Sim! Está tudo bem! Você pode ficar com ela!
Após um momento de hesitação, ela a estendeu de novo com um sorriso um tanto quanto forçado, e Miku lentamente aceitou a fruta. Quando ela mordeu um pedaço, era muito doce, e mais deliciosa que qualquer outra coisa que ela já tenha comido. Seria porque é uma maçã cultivada no Paraíso? Ou seria porque, como Rin havia dito, era uma maçã cultivada por uma profissional? Enquanto ela falava honestamente a sua impressão, o anjo diante dela corou um pouco e ficou tímido.
— Rin, você é tão inteligente, e consegue fazer tudo de atirar em alvos até cultivar maçãs. Você é realmente incrível! Você é tão jovem, mas tão adorável.
Embora à primeira vista ela parecesse ser uma jovem adorável e delicada, o fato que ela provava ser bem inteligente e capaz de fazer qualquer coisa deve ser porque ela é um anjo... Enquanto Miku pensava isso, ela de repente percebeu algo. Mais cedo, Rin não havia dito que poderia controlar a velocidade em que envelhece?
Até este ponto, o anjo sorriu alegremente, mas agora, ela encarava seu olhar com uma expressão um tanto quanto chocada.
— Haah... Eu pensei que você diria isso... Já fazem cento e cinquenta anos desde que eu vim a esse mundo como um anjo. Ah, falando nisso, para os anjos isso ainda é considerado jovem.
— Cento e cinquenta...
Cada coisa nova que este adorável anjo lhe contava soava muito interessante. Além do mais, o ditado “as aparências enganam”, certamente era mais uma das coisas que foram dadas do Paraíso.

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Já era tarde no jardim aquático Griselle, brilhando enquanto refletia a luz do sol passando através das folhas das árvores. Às margens da grande e linda fonte que ficava no centro, ficava o habitual ponto de encontro. Feito de uma ligação complexa de galhos largos, com vários balanços neles, e mesas também feitas à base de galhos. Os anjos geralmente vêm aqui para descansar as asas enquanto se alimentam. Em particular, os assentos próximos à fonte com aquela bela vista eram um ponto popular que geralmente ficava lotado durante a hora do chá e de outras pausas.
Hoje, como o habitual, quatro anjos se encontraram e escolheram um ponto para degustar um chá da tarde um tanto quanto cedo. A luz do sol estava morna; era uma tarde bem relaxante e calmante. Havia apenas uma coisa meio estranha. Desde um tempo atrás, um jovem estava de braços cruzados e olhos fechados, e estava emanando um ar frio. Ele tinha um espaço no raio de cinquenta centímetros ao redor dele. Ao lado do jovem amuado de cabelos azuis estava uma garota loira, em pânico com uma expressão confusa.
— Como eu disse, eu... eu... fico mal por isso, sabe?
— ...
— Eu estou refletindo sobre isso! De verdade! Eu estou...!
— ...
— Veja! Eu até escrevi uma nota de reflexão!
— ...
— Ah! Embora tenha acontecido... alguns problemas, então... hm, ela ficou encharcada assim e... mal está legível agora, mas... e-eu vou escrever de novo!
— ...
— E de qualquer forma! Aqui, veja! Esta maçã deliciosa! Eu a cultivei no outro dia, e a nomeei de “maçã dourada”! A textura crocante, mas macia, cria um ritmo leve que te deixa refrescado, e no momento em que você dá uma mordida, a harmonia da doçura e amargura é como subir ao Paraíso de verdade... É o sabor doce e elegante do êxtase. Até mesmo os pássaros do Paraíso estão babando com olhos brilhantes enquanto esperavam o belo fruto ser colhido da árvore, a verdadeira forma de cativação!
Enquanto Rin vagueava, a garota sentada diante dela, Gumi, ouvia com seus olhos verde-claros brilhantes e bem abertos, e quase boquiaberta. Havia um pouco de saliva escorrendo do canto. Rin estava estranhamente convencida que esse orgulhoso pássaro do paraíso não tem cantado muito porque ele também estava babando. Além de Gumi, o jovem que estava aproximando uma xícara de chá a seus lábios com elegância, Gaku, estava encarando com um olhar fixo e vazio, como se estivesse imaginando o sabor da extraordinária maçã. Parece que anjos realmente amam maçãs.
— Era só isso que você queria dizer?
Ouviram uma frase simples e fria, como se para acabar com as fantasias dos dois anjos. Kaito lentamente abriu os olhos, e com uma expressão completamente livre, ele olhou para Rin, que estava sentada ao lado dele. Seu olhar não estava apenas frio; esse olhar era o que ele usava quando estava genuinamente zangado. Rin se sentiu ainda menor que já era com sua intimidação.
— Eu... sinto muito...
Com toda a sua sinceridade, ela se desculpou mais uma vez. Mas os olhos dele não se moveram nem um milímetro. Gumi, que estava inclinada perto de Rin, acabara de comer do topo da torre de maçãs em sua imaginação e de repente voltou aos seus sentidos, entrando com timidez na conversa.
— Hm, a Rin não fez isso de propósito! Foi um, é, acidente... ou melhor, como acabou isso? Ela não fez por mal! De qualquer forma, foi minha culpa ela ter ido ao mundo humano essa vez, então... Por favor a perdoe! Se você vai puni-la, então me puna também...!
Enquanto tremia de medo pela força de Kaito, Gumi protegia Rin, desesperada. Lágrimas estavam em seus olhos. Gaku, que também estava preso na imaginação de nadar em um mar de suco de maçã como um tubarão, rapidamente retornou aos seus sentidos também. Os dois eram bem parecidos.
— Entendo, entendo... Gumi, deveria ser minha obrigação, como seu parceiro, lhe supervisionar e dar assistência quando você for para o mundo humano para investigações. Então, quem deveria ser culpado sou eu. Eu também mereço punição, Lorde Kaito.
— Esperem! Gumi! E até você, Gaku! Isso não é culpa de vocês! Eu agradeço que estejam fazendo isso, mas isso é... tudo... minha culpa.
Era culpa dela.
Ela admitia que aquilo tinha sido um erro, mesmo com seus esforços de não admitir que deixar Miku comer uma maçã do Paraíso era algo proibido.
— É mesmo? Então, você admite que foi um erro dar uma de nossas maçãs a um mero humano?
— S-sim. Afinal, está escrito na lei que não é permitido. “É proibido dar diretamente comida do Paraíso a um humano”.
— A lei, hm? Pode ser verdade, mas parece que você não pensou estar fazendo algo errado na hora, não é?
— Umm...
Rin congelou enquanto ele a encarava. Na verdade, até agora, ela não pensou ter feito nada de errado. Ela estava arrependida por causar problemas não apenas para si, mas também para Gumi, Gaku, e ainda mais para Kaito.
— Eu não acho que fiz algo de mal por dar a maçã para a Miku. Mas sino muito por ter causado problemas a todos vocês por ter feito isso. Então é por isso que acho que é minha culpa.
Miku —
O nome de uma humana que ele tanto ouvira da boca de Rin. Sempre que a ouvia dizer isso nome, Kaito sentia uma pontada de irritação.
— Nesse caso, não posso dizer que você realmente está refletindo nisso. Nem mesmo eu posso ignorar a situação. Eu irei reportar suas ações para os superiores, e eles lhe darão a punição apropriada.
Rin conseguia sentir as lágrimas se acumulando ao ouvir as palavras frias e afiadas de Kaito.
— Sem chance! Por favor, espere um minuto!
— De fato; em primeiro lugar, era algo que aconteceu sob minha jurisdição e da Gumi.
— É inútil inventar desculpas.
Completamente inflexível, Kaito simplesmente disse isso e se levantou de seu assento.
— Mas a verdade é que a maçã era para ser do arcanjo Kaito!
— !
Kaito virou o olhar na direção de Gumi ao ouvir sua explosão repentina. Rin havia planejado lhe dar a maçã, mas devido a ter sido chamada em uma emergência, ela levou a maçã consigo para o mundo humano antes que tivesse a oportunidade.
Ontem, Rin foi chamada por Gumi do nada, e dando uma pausa em seu trabalho não terminado, ela correu ao mundo humano. Rin e Gumi foram promovidas de anjos em treinamento para júniores ao mesmo tempo, e mesmo quando seu período de treinamento havia acabado, elas continuavam a serem tão próximas quanto antes. Embora as regiões que elas tenham sido designadas fossem diferentes, quando uma das duas estivesse ocupada, elas pedem ajuda uma à outra com seu trabalho. Nesta vez, na região de Tard a qual Gumi foi designada, já que a lista de ascensão foi adicionada sem aviso, Rin foi ajudá-la por causa da falta de pessoal deles. O superior direto de Gumi, Gaku, estava em algum tipo de trabalho importante de arcanjo, e levou consigo grande parte da unidade, o que fez com que Gumi pedisse a ajuda de Rin, que por chance estava de folga.
Com a ajuda de Rin, a missão da ascensão terminou acabou um sucesso, mas foi então que Rin viu Miku após tanto tempo. Vendo como Tard ficava a uma distância e tanto da mansão de Miku em Velcant, ela duvidou no início, mas quando se aproximou, viu que realmente era ela, afinal. Já que Rin estava tão ocupada com o trabalho no Paraíso e não via Miku há um mês, ela achou que era uma ação do destino, e aproveitou a chance. Miku sorriu tão alegremente quando viu Rin, assim como ela. Conforme as duas conversavam, Rin acabou dando a ela — a extraordinária maçã que causou tão rapidamente a doce fantasia de Gumi e Gaku... a maçã dourada.
Quando ela finalmente amadureceu, Rin a provou imediatamente, e a considerou sua obra prima até agora. Rin queria compartilhar esses sentimentos com alguém assim que possível, e pegou mais uma do galho.
Exatamente — se ela se lembrasse bem, Kaito parecia estar com um péssimo humor após se opor à nova lei passada durante o fim da reunião dos arcanjos.
Enquanto pensava nisso, Rin decidiu dar a ele um dos últimos protótipos dessa maça restantes. Ela daria esta maçã esplêndida a ele, que escondia com sua cara de pôquer de sempre que gostava de maçãs. Assim que ele comesse, ele se esqueceria de seu mal humor. Foi o máximo que ela planejou antes de ser chamada para a emergência de Gumi.
— Peço desculpas, Kaito. Embora eu tenha recebido um relatório delas quando retornaram, eu não percebi a gravidade da situação. Mas, de forma alguma, eu tenha sido cativado pela maçã que Rin esteve carregando ou algo do tipo!
Kaito olhou para Gaku, e deixou de lado. Este colega era bem capaz e conseguia cumprir o trabalho, mas ainda deixava a desejar em algumas áreas.
O que aconteceu a seguir era fácil de imaginar. Após Rin e Gumi terminarem o trabalho, elas pegaram várias maçãs, foram assegurar o ponto popular mais cedo, e deixaram Gaku preparar um blend de seu chá especial. Ambos honestamente não pensaram muito a fundo sobre como Rin quebrou a lei, mas por precaução, para não piorar o humor de Kaito, prepararam um testamento de reflexão convincente o suficiente. Mas, quando Rin voou com seus braços cheios de maçãs, ela acidentalmente o deixou cair na grande fonte, e ele ficou ilegível. Até Kaito chegar, eles nunca imaginariam que algo assim aconteceria, e ficaram conversando, alegres, sobre como conseguiriam finalmente ver um sorriso excepcional dele hoje.
— Usar um pedido urgente para ajuda, nesta época cheia, para cuidar de uma lista de ascensão com duas pessoas...
— Umm...
— Sem contar com a péssima supervisão que ele tem sobre seus subordinados, e ao invés disso, se engajar em preparativos despreocupados para uma refeição de maçãs...
— Umm...
— Não achar errado quebrar a lei, preparar um grande suborno para melhorar o humor de seu superior e, acima de tudo, além do mais crucial, um pedido de desculpas por escrito, tendo copiado palavra por palavra dos Arquivos de Assuntos Correntes do Paraíso, o número de erros de escrita mal deixava ser de uma qualidade suportável. E para piorar ainda mais... foi enviado neste estado...
— Umm...
 Os três foram perfurados pelas palavras que Kaito lançou para eles. Parecia ter sido bem efetivo.
— ...Francamente. Como esperado, nem mesmo eu posso fazer vista grossa a isso.
Com uma expressão pálida, mas com uma cor levemente calma no fundo de seus olhos, Kaito quietamente pegou a xícara. O chá torrado que Gaku fez era excepcionalmente delicioso.
— Nós sentimos muito. — Disseram os três ao mesmo tempo.
Quando os três curvaram profundamente suas cabeças, Kaito suspirou.
— Bem, suponho que posso conseguir falar algo com os superiores. E a mina ausência na noite passada, por menor que tenha sido, também é culpada por isso.
Ao ouvir isso, o clima depressivo que os três tinham de repente se dispersou, e imediatamente se animaram.
— Ah! Como esperado do arcanjo Kaito! Ele é tão confiável em momentos como este!
— Sim, e muito. Eu vejo com clareza agora. Apesar das aparências, o Lorde Kaito é profundamente compreensivo e piedoso.
— Yay! Não somos culpados!
— E o que aconteceu com o comportamento vencido de vocês de um segundo atrás?
— Ah! Pensando nisso, eu ainda não comi esta maçã.
Gumi se lembrou da “protagonista de hoje” que estava completamente esquecida sobre a mesa.
— Isso mesmo, isso mesmo! Ei, Kaito, coma também!
Sem objeções, os três já estavam com a boca cheia de maçãs. Estavam com sorrisos enormes em seus rostos.
— Que gostosas! Eu nunca comi maçãs tão deliciosas antes!
Com um sorriso de orelha a orelha, Gumi expressou seus sentimentos sobre um sabor que nunca havia sentido antes.
— Não são? É a melhor obra prima da talentosa Rin.
— De fato, é... um prazer que nunca senti antes... é um sabor bem místico.
Como os três melhoraram o humor e logo o esqueceram, Kaito, por algum motivo, não conseguia entender a situação. Seria por que antes Rin havia dito que queria que ele fosse o primeiro a comer esta maçã? Ou ele ouviu errado?
— Hã? O que houve, Kaito? O chá não está do seu agrado?
— Não... não é nada disso.
Com uma expressão desagradada, ele mordiscou uma maçã. De fato, era deliciosa o suficiente para animar alguém. Ele tinha que admitir que Rin tinha talento para cultivar maçãs. Poderia, de fato, ser dito que esta era mesmo a sua maior obra prima até agora.
— Como eu suspeitava, maçãs são mesmo melhores para anjos. É só comê-las que todos os problemas triviais logo desaparecem.
— Você esquece sem problema nenhum, mesmo sem comer.
— Hm? Você por acaso está...
— ...?
— Ah, não, não é nada.
Talvez — pensou Gaku.
Este jovem não estava zangado porque ela quebrou a lei... a estupenda maçã que Rin cultivou com todo o seu esforço — ela queria dividir esse sabor assim como seus sentimentos, com ele. “A maçã era pra ser do arcanjo Kaito”. A expressão dele quando ela disse isso...
Era como se ele estivesse esperando por essas palavras.
Dizendo a si mesmo que não era educado se intrometer mais que isso, ele deu um ar inocente de novo, e continuou a comer a encantadora fruta que segurava com a mão direita.
— Ah, é mesmo magnífica.

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